quinta-feira, 11 de maio de 2023

Profecia

Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta.
Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída.
Os fãs, esses sinceros, empunharão capas dos meus discos e entoarão "Ovelha negra", as tvs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória para exibir no telejornal do dia e uma notinha no obituário de algumas revistas há de sair.
Nas redes virtuais, alguns dirão: "Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk".
Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los.
Enquanto isso, estarei eu de alma presente no céu tocando minha autoharp e cantando pra Deus: "Thank you Lord, finally sedated".
Epitáfio: Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa.

Rita Lee

É... se eu der uma festa, convites serão uma meia dúzia, se muito. O pai de santo, esse sim vai ter trabalho, tem que convidar um monte de gente!

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