segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Anjo da morte

Conheci o doce anjo da morte...
Com os olhos cerrados senti meu corpo congelar.
Seu doce beijo me enviou ao mundo dos sonhos.
Deixei a escuridão me abraçar.
Me sinto seguro e ninguém pode me machucar.
Esqueço toda a dor e aquele imenso vazio.
Tenho um amigo com quem posso contar.
Num mundo de sonhos vou poder mergulhar.
A lua é minha guia.
Vou onde a imaginação desejar.
Não corro atrás dele, não o venero.
Apenas respiro e sei que vai me encontrar...

Remissão

Tua memória, pasto de poesia,
tua poesia, pasto dos vulgares,
vão se engastando numa coisa fria
a que tu chamas: vida, e seus pesares.

Mas, pesares de quê? perguntaria,
se esse travo de angústia nos cantares,
se o que dorme na base da elegia
vai correndo e secando pelos ares,

e nada resta, mesmo, do que escreves
e te forçou ao exílio das palavras,
senão contentamento de escrever,

enquanto o tempo, em suas formas breves
ou longas, que sutil interpretavas,
se evapora no fundo do teu ser?

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

19/09/2024

Não tenho medo da morte, mas de morrer.
Simplesmente por amor!
Amo muito, muito mesmo a Lila, meus peludos e meus amigos.
Parece débil, mas não é!
Indescritível todo o carinho e amor que recebi deles por tanto tempo.
Falando da Lila, sofro só de pensar que ela fique sozinha.
Como irá passar sem mim? Terá força e coragem para viver todos os problemas que irá enfrentar?
Como vai ela suportar mais esse desgosto, o de me perder? Sei o quanto ela me ama e sofro só de pensar.
Meus peludos, quero que vejam o meu corpo inerte, que não tenham dúvidas se os abandonei, eles entendem a morte melhor do que todos.
Meus queridos, torço para que me torne uma lembrança boa e, que quando se lembrarem de mim, que seja com um sorriso no rosto.
Li os laudos de exames, mesmo sem entender nada e nada vi de animador.
Por isso tenho medo de morrer, não tendo medo da morte.
Vou parecer egoísta, com o que vou confessar, mas não, é amor!
Eu preferia morrer depois deles, saberia assim que não sofreriam com a minha morte.
Simplesmente por amor! 

sábado, 7 de setembro de 2024

Sobre o tempo

Já faz tempo mas...
Inventei uma cápsula do tempo e viajei sem destino.
Encontrei-me no mesmo lugar de sempre, de onde, na verdade, nunca cheguei a sair...
Lugar refém das minhas memórias e é para lá que fujo, em segredo, tantas vezes quando quero me esconder da loucura deste tempo de agora.
Vou pelos caminhos que conheço como a palma das minhas mãos.
Tanto na ida como na volta, tenho a companhia sempre interessada dos meus peludos, que me seguem e me conduzem pela sombra.
Demoro-me com pequenas coisas que vou encontrando pelo caminho.
Hoje foi um formigueiro, observei as formigas carregando folhas maiores do que elas às costas.
Ligeiras como se aquilo não pesasse nada!
Lugar que me serve de abrigo na trovoada inesperada.
Há uma prateleira com livros, já meio desfeitos, faltando muitas folhas.
Arrancaram-se com o uso demasiado.
Mas, nas que restam, há sempre qualquer coisa nova que ainda não tinha visto nem lido.
No jardim, além dos meus queridos, vejo joaninhas que se misturam com morangos, salpicando de vermelho o gramado seco por onde me entretenho a brincar, sonhar e planejar.
 

Sábio desconhecido

Interessante como a vida fala comigo, em diversas formas.
Ontem ouvi de alguém:
"Desde que passei a dar maior importância à atitude das pessoas, nunca mais me enganei com suas palavras."
Guardei...
Vou usar...