Há uma diferença abissal entre não querer viver e querer morrer.
É como a distância entre o cansaço e o sono eterno, um pede descanso, o outro pede fim.
Eu habito esse espaço intermediário, essa zona cinzenta onde a vida se tornou pesada demais para carregar, mas a morte permanece um território desconhecido e assustador.
Não é a vida que rejeito.
Não é a vida que rejeito.
É a dor que ela carrega, como uma mochila cheia de pedras que alguém amarrou às minhas costas sem me perguntar se eu tinha força para suportá-la.
Cada manhã acordo esperando que o peso tenha diminuído durante a noite, mas ele está sempre lá, fiel como uma sombra, crescendo com a luz do dia.
O sofrimento tem essa peculiaridade cruel: ele nos convence de que é permanente, de que sempre foi e sempre será parte de nós.
O sofrimento tem essa peculiaridade cruel: ele nos convence de que é permanente, de que sempre foi e sempre será parte de nós.
Sussurra mentiras sobre nossa incapacidade de mudança, sobre a futilidade da esperança.
Mas eu sei, em algum lugar profundo e quase esquecido, que isso não é verdade.
O sofrimento é visitante, não morador.
Quero acordar um dia e sentir leveza.
Quero acordar um dia e sentir leveza.
Quero que meus pensamentos não sejam mais uma tempestade constante, mas uma brisa suave.
Quero rir sem que pareça esforço, chorar sem que seja desespero, existir sem que seja resistência.
Quero que a vida volte a ser vida, não sobrevivência.
Há momentos, breves, quase imperceptíveis, em que vislumbro como seria.
Há momentos, breves, quase imperceptíveis, em que vislumbro como seria.
Uma música que me toca, um abraço que me aquece, um pôr do sol que me lembra da beleza.
São fagulhas de esperança em meio à escuridão, lembretes de que existe algo além desta dor.
Não quero morrer.
Não quero morrer.
Quero renascer dentro da mesma pele, com o mesmo coração, mas livre das correntes invisíveis que me prendem a este sofrimento.
Quero descobrir quem sou quando a dor não está definindo cada pensamento, cada respiração, cada batimento.
A coragem não está em desistir.
A coragem não está em desistir.
Está em continuar, mesmo quando continuar parece impossível.
Está em buscar ajuda, em aceitar que não preciso carregar esse peso sozinho, em acreditar que o sofrimento pode ter fim sem que a vida precise ter.
Hoje, escolho ficar.
Hoje, escolho ficar.
Não porque é fácil, mas porque em algum lugar, além desta névoa densa, existe uma versão de mim que sorri genuinamente.
E ela vale a pena esperar.
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