Ainda não é hora

Há um abismo que sussurra meu nome todas as manhãs. Uma voz que conhece meus segredos mais escuros, que mapeia cada ferida aberta em minha alma. Ela oferece o silêncio como redenção, o fim como libertação. Mas hoje eu escolho o barulho ensurdecedor da vida.
Eu vou sobreviver.
Não porque seja fácil — porque nunca foi. Não porque a dor tenha diminuído — ela ainda pulsa como um segundo coração em meu peito. Eu vou sobreviver porque dentro dessa tempestade de caos há algo que se recusa a se ajoelhar: minha vontade feroz, minha fome insaciável pelo que ainda não conquistei.
O suicídio sussurra promessas de paz, mas eu escolho a guerra. Guerra contra as vozes que me diminuem. Guerra contra as circunstâncias que tentam me quebrar. Guerra pela versão de mim que ainda não existe, mas que eu sei que posso me tornar.
Eu vou conseguir o que quero.
Não por merecimento ou destino, mas por pura teimosia. Porque cada respiração é um ato de rebeldia. Cada dia que acordo é uma vitória arrancada das garras do desespero. Cada pequeno passo em direção aos meus sonhos é um murro na cara da rendição.
A dor vai continuar sendo minha companheira. As dúvidas vão tentar me seduzir. Mas eu carrego algo mais forte que qualquer escuridão: a certeza inabalável de que minha história não termina aqui.
Eu vou sobreviver porque meu futuro está esperando por mim — e ele vale cada batalha que preciso travar hoje.
Pela Lilila e pelos meus meninos.

Devaneio

Existe uma verdade que pulsa e que preciso contar. Não um lamento, mas um eco por reconhecimento, um pedido por dignidade no meu caminhar.
Nesse último ano, a vida me impôs uma profunda reconstrução, exigindo forças para reerguer não apenas o financeiro, mas o próprio espírito, além do corpo cansado. Contudo, em meio a cada desafio, a chama do afeto por quem amo e a gratidão por aqueles que me valorizam nunca diminuíram.
Mesmo quando a névoa do esquecimento paira, ou a injustiça tenta diluir meus méritos, minha essência permanece quase sempre inabalada. Focado no que é vital: a dignidade imprescindível, o porto seguro para os meus e a lealdade àqueles que me acompanham.
Não preciso de aplausos, mas respeito. Que minhas ações não se percam no silêncio, nem sejam desvirtuadas, mas que o valor de cada entrega e da minha própria jornada seja notado.
Gostaria de seguir semeando o bem, mas a semente só floresce plenamente quando o esforço é visto, sentido e honrado. É nessa percepção que ainda reside a minha verdadeira motivação.

Aprendam a trilhar o sol sem minha sombra.

A rir e a chorar, a desatar o nó que em cada passo, em cada gesto, assombra a leveza de um adeus, de um só.

Cresçam, voem, desbravem o que é vasto, que o mundo vos chame, que a vida os inunde, sem o porto seguro que pretendi ser, sem o rastro que minha mão, por instinto, ainda confunde.
Mas eu...
Ah, eu!
Em cada riso, em cada olhar, em cada som que emana, minha alma tece, um fio que não posso romper, Jacinto Jr., Janaína, e você, Lilia, minha trama.
Sem vocês, a melodia se cala, o ar se adensa, um vazio ecoa, uma ausência que consome.
É necessário que vivam sem mim, se a vida exige a defesa, façam. Mas saibam que meu viver, sem vocês, não tem sentido.

Meus nenéns

Aos meus queridos, Jacinto Jr. e Janaína.
Agora, que as patas começam a dar sinais de cansaço e os olhos mostram décadas de amor, eu prometo: estarei aqui, com vocês, sempre.
Vocês, que honraram o legado do meu Jacinto e da minha Jussara, transformando minha casa em lar e meus dias em poesia, nem sempre silenciosa, escutem estas palavras que nascem no mais profundo do meu ser:
Doze primaveras caminhando ao meu lado.
Alguns verões alegrarão nossos dias quentes e longos.
Doze outonos dourados viram suas corridas encurtarem se transformando em passos mais lentos, mais sábios.
E agora, quando o inverno sussurrou em suas orelhas, que escutam atentamente a cada segredo meu, que o tempo passa pra todos e não espera ninguém, venho fazer uma promessa que ecoa para além da nossa estada por aqui.
Estarei aqui, com vocês, sempre.
Como estive quando eram filhotes travessos, destruindo sapatos e roubando corações. Como estive em cada veterinário, segurando suas patinhas enquanto vocês (ou eu) tremiam de medo. Como estive com o Jacinto e a Jussara, até o último suspiro, até o último carinho, até que seus corações se aquietassem em paz.
Estarei aqui quando suas pernas já não quiserem mais passear. Quando as escadas se tornarem montanhas. Quando o sono vier mais facilmente que o despertar. Quando os pelos grisalhos contarem a história de uma vida inteira de amor eterno.
Não importa quantas madrugadas eu precise vigiar vocês. Não importa quantos remédios, quantas idas ao veterinário, quantos momentos difíceis estejam por vir. Vocês me deram tudo, sua juventude, sua alegria, sua lealdade, seu amor.
Agora é minha vez de retribuir com a mesma intensidade.
Minha presença será seu cobertor nos dias mais frios. Minha voz será sua música de ninar. Minha mão será seu consolo. Porque o amor que vocês me ensinaram não impõe condições, não tem prazo de validade, não é negociável.
Assim como prometi ao Jacinto e a Jussara: não estarão sozinhos. Nunca. Nem por um segundo. Meu amor por vocês é maior que o tempo, mais forte que a despedida, mais eterno que a saudade.
Vocês são, e sempre serão, meus queridões, meus companheiros de alma, meus professores de amor.
Fiquem tranquilos, meus queridos.  
Estarei para sempre ao lado de vocês, com todo o amor que um coração humano pode guardar.

De novo e mais uma vez...

Meu amor,
Lilila
É impossível traduzir em palavras o que você significa para mim. Você é o sol que iluminou meus dias, a melodia que embalou minha alma. Cada momento ao seu lado é uma lição, um riso, uma página preciosa que moldou quem eu sou.
Dizer adeus a alguém que amo com tamanha intensidade é rasgar um pedaço de mim, uma dor que parece não ter fim.
Mas, por mais que doa, sei que precisamos seguir caminhos separados.
Guardo em mim cada memória, cada toque, cada olhar.
Sou eternamente grato(a) por ter vivido essa história, por ter compartilhado a vida com a sua essência.
Desejo, do fundo do meu coração, que você encontre toda a felicidade e a paz que merece, e me perdoe.
Uma parte de você viverá para sempre em mim, um eco suave de um amor que foi grandioso.
Com o coração pesado, mas com a convicção de que este é o passo a ser dado, eu me despeço.
Com todo o amor que um dia foi nosso,
Covinho

Mãe...

Hoje, a saudade tem uma intensidade única, florescendo a gratidão por cada momento vivido.
Você já não está ao meu lado mas foi e continua sendo um pilar de amor incondicional, um farol de carinho que ilumina nossas memórias.
Sua presença ecoa nos valores plantados, nos sorrisos provocados e no amor dedicado.
O laço que nos une é eterno, forte o suficiente para superar qualquer distância ou tempo.
Que hoje, mãe, você sinta a força (que eu deveria ter) e o meu bem querer te envolvendo, transformando a saudade em uma doce lembrança de um amor que nunca se apaga.
Dona Helena vive em meu coração, hoje e sempre.

Yasmini

Hoje eu tive a honra de uma visita... um amor meu.
Que fez muito bem ao meu amor maior, que fez muito bem aos meus amores de pêlos, que fez muito bem a mim também.
Não dá pra querer mais não é?
Não dá pra merecer mais não é?
Vamos guardar isso, em nossos corações como uma coisa especial e, de fato foi.
A vida guarda surpresas, por que desistir agora?

Agora deu, mesmo...

Meu amor, Lilila,
Escrever estas palavras é, de longe, uma das coisas mais difíceis que já fiz.
Elas carregam o peso do meu coração e a promessa de um adeus que nunca pensei que teria que pronunciar.
Você sabe o quanto eu te amo, ou deveria saber.
Cada memória que construímos, cada riso compartilhado, cada desafio superado, está gravado na minha alma.
Nossa jornada juntos foi um presente, um porto seguro onde sempre encontrei amor e conforto, mas no 'frigir dos ovos' é um desastre.
E é por esse amor, que é tão vasto e verdadeiro, que preciso ser honesto com você agora.
Há um chamado dentro de mim, uma urgência inadiável que me puxa para terras ainda não exploradas.
É um caminho que vou trilhar sozinho, um destino que me espera além do horizonte que conhecemos.
Sei que esta escolha pode parecer incompreensível para você, agora, e entendo que ela vá contra o que esperávamos construir juntos.
Eu sinto muito se ela não ressoa com o respeito que eu sei que você tem pelas nossas vidas.
Não é uma partida de você, mas sim uma partida de mim mesmo.
Meu amor por você permanece inalterado, uma estrela guia que, mesmo à distância, continuará a brilhar.
Levarei comigo cada instante, cada toque, cada palavra sua.
Eles serão meu tesouro, a prova do amor mais puro que já conheci.
Sei que esta decisão pode trazer dor, e isso me parte o coração.
Mas, por favor, quero que você se lembre dos nossos melhores momentos, da força do nosso elo e da alegria que compartilhamos.
Que estas lembranças sejam um refúgio e não uma fonte de tristeza.
Desejo a você toda a felicidade, toda a paz e todo o sucesso que o mundo pode oferecer. Que você continue a brilhar, a crescer e a encontrar a plenitude em cada novo dia.
Adeus, minha eterna Lilila. Que a vida seja, ainda que tardia, gentil com você, e que o carinho com que sempre te amei seja a lembrança mais forte que carregará de mim.
Com todo o meu amor, para sempre,
Jamais se esqueça de que nossos peludos são o que há de melhor em nossas vidas.
Bju! Covinhod!