segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Eu, que sempre tive medo do escuro, de morar sozinho, hoje vivo só. A ironia dessa frase ecoa por todos os lugares da minha casa, um lugar que aprendi a chamar de lar. O silêncio, que antes me assustava, agora é a tela em branco que me aterroriza com assombrosos pensamentos e devaneios.
Nas noites em claro, choro, imaginando o desconhecido, a solidão é uma visita indesejada. O medo, uma sombra que se projeta em cada canto abandonado do meu ser. Um desafio.
Cada estalo da madeira, cada som vindo do corredor, um gatilho para a ansiedade.
A ausência de conversas no café da manhã, o eco da minha própria voz parece estranho.
Venho confrontando o silêncio do ambiente, o barulho dentro de mim, as inseguranças, os medos que eu antes conseguia abafar com a presença de mais alguém.
Aprendi a dançar sozinho, a cozinhar para um, a escolher a trilha sonora dos meus dias, a organizar meus livros não pela lógica, mas pelo coração.
O medo de chorar e ninguém ouvir, já não é medo é hábito.
Hoje, quando fecho a porta, não sinto mais o pavor do vazio.
A solidão não é ausência, mas uma única presença, a minha própria.
Talvez, a maior contradição da minha vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário