sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Meu menino, sempre

Menino Deus, um corpo azul-dourado
Um porto alegre é bem mais que um seguro
Na rota das nossas viagens no escuro
Menino Deus, quando tua luz se acenda
A minha voz comporá tua lenda
E por um momento haverá mais futuro do que jamais houve
Mas ouve a nossa harmonia
A eletricidade ligada no dia
Em que brilharias por sobre a cidade
Menino Deus, quando a flor do teu sexo
Abrir as pétalas para o universo
E então, por um lapso, se encontrará nexo
Ligando os breus, dando sentido aos mundos
E aos corações sentimentos profundos de terna alegria no dia
Do menino Deus
No dia do menino Deus

Caetano Veloso

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

FCV

Um dia desses aí fui a Muriaé (FCV).
Que passeio espetacular!
Um hospital enorme, onde tudo funciona!
Limpo, bonito, organizado. TODOS os funcionários e atendentes de bom humor.
Lotado! Um calor insuportável e... sombra pra todo mundo (muitas árvores), pra quem não é de sombra ou não achou lugar... inúmeras salas de espera com ar condicionado, café, biscoito e... cheias de gente com um sorriso no rosto.
Anda daqui, consulta dali, exames lá...
Me detenho em frente à um peludo de rua, dormindo o sono mais tranquilo que já vi, no meio da 'calçada', sem incomodar e sem ser incomodado.
Mas... EXISTINDO! Todos que passavam tinham um sorriso pra ele e de vez em quando abria um olhinho pra acompanhar o andar de alguém.
Passinho pra trás, olhei o 'quadro' com maior atenção:
Ruas cheias de gente, bem vestida, mal vestida, com dinheiro, sem dinheiro mas... quase todo mundo de gorrinho. Quem não usava gorrinho, apoiava quem usava.
Por um instante não sabia onde estava, parecia coisa da literatura espírita.
Mil encontros de olhares cúmplices, sorridentes, esperançosos, agradecidos.
Aquele peludinho, tranquilo porque podia estar, ninguém com maldade no coração. Uma aura de esperança e bem querer pairava por todo lugar. Gente estranha... todos comprometidos com... vida!
Experiência única, não imaginava que ao aceitar a finitude da vida, fosse reaprender a viver.
 

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Desistir? Não...

Sei que apanho, pedras.
Sei que bato, nos sentimentos.
Sei que subo, as ladeiras da vida.
Sei que desço, curando as feridas.
A cada passo que caminho descalço.
Um calo a mais e me faço no meu caminho.
Desistir? Não...
Me cansar? Provavelmente... em 456 anos... talvez!
Simplesmente porque tenho vocês! 

ganhei de presente

Meu amigo.....
se a amargura chegar e você precisar falar, estarei aqui com os meus ouvidos prontos para te ouvir. Se não quiser, nada falarei. Apenas ouvirei. Se precisar chorar, também te ouvirei e entenderei! Se quiser rir do tamanho da pedra que apareceu no seu caminho e das manobras que você terá que fazer para retirá-la, também estarei aqui para te ouvir! 
Os dias não vão ser fáceis.....mas estarei aqui!

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Lágrima

Ontem eu vi uma lágrima, ou duas... três talvez.
Acho que me procurava.
Andava perdido quando me deixei ser vencido.
Cristalina nesse olhar puro, com certeza o motivo da minha embriaguez.
No meu mundo gelado, meu coração é forte.
Bate ainda um batimento incerto, revelando escondidos segredos, desenterrando até os mais profundos.
Faz-me sorrir mais uma vez, decifra meu escondido mundo.
Leia-me, apenas as entrelinhas.
Dissolvendo essa dor que por vezes nos faz chorar.
Na doçura desse olhar, reconheço a palavra amar. 

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Anjo da morte

Conheci o doce anjo da morte...
Com os olhos cerrados senti meu corpo congelar.
Seu doce beijo me enviou ao mundo dos sonhos.
Deixei a escuridão me abraçar.
Me sinto seguro e ninguém pode me machucar.
Esqueço toda a dor e aquele imenso vazio.
Tenho um amigo com quem posso contar.
Num mundo de sonhos vou poder mergulhar.
A lua é minha guia.
Vou onde a imaginação desejar.
Não corro atrás dele, não o venero.
Apenas respiro e sei que vai me encontrar...

Remissão

Tua memória, pasto de poesia,
tua poesia, pasto dos vulgares,
vão se engastando numa coisa fria
a que tu chamas: vida, e seus pesares.

Mas, pesares de quê? perguntaria,
se esse travo de angústia nos cantares,
se o que dorme na base da elegia
vai correndo e secando pelos ares,

e nada resta, mesmo, do que escreves
e te forçou ao exílio das palavras,
senão contentamento de escrever,

enquanto o tempo, em suas formas breves
ou longas, que sutil interpretavas,
se evapora no fundo do teu ser?

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

19/09/2024

Não tenho medo da morte, mas de morrer.
Simplesmente por amor!
Amo muito, muito mesmo a Lila, meus peludos e meus amigos.
Parece débil, mas não é!
Indescritível todo o carinho e amor que recebi deles por tanto tempo.
Falando da Lila, sofro só de pensar que ela fique sozinha.
Como irá passar sem mim? Terá força e coragem para viver todos os problemas que irá enfrentar?
Como vai ela suportar mais esse desgosto, o de me perder? Sei o quanto ela me ama e sofro só de pensar.
Meus peludos, quero que vejam o meu corpo inerte, que não tenham dúvidas se os abandonei, eles entendem a morte melhor do que todos.
Meus queridos, torço para que me torne uma lembrança boa e, que quando se lembrarem de mim, que seja com um sorriso no rosto.
Li os laudos de exames, mesmo sem entender nada e nada vi de animador.
Por isso tenho medo de morrer, não tendo medo da morte.
Vou parecer egoísta, com o que vou confessar, mas não, é amor!
Eu preferia morrer depois deles, saberia assim que não sofreriam com a minha morte.
Simplesmente por amor! 

sábado, 7 de setembro de 2024

Sobre o tempo

Já faz tempo mas...
Inventei uma cápsula do tempo e viajei sem destino.
Encontrei-me no mesmo lugar de sempre, de onde, na verdade, nunca cheguei a sair...
Lugar refém das minhas memórias e é para lá que fujo, em segredo, tantas vezes quando quero me esconder da loucura deste tempo de agora.
Vou pelos caminhos que conheço como a palma das minhas mãos.
Tanto na ida como na volta, tenho a companhia sempre interessada dos meus peludos, que me seguem e me conduzem pela sombra.
Demoro-me com pequenas coisas que vou encontrando pelo caminho.
Hoje foi um formigueiro, observei as formigas carregando folhas maiores do que elas às costas.
Ligeiras como se aquilo não pesasse nada!
Lugar que me serve de abrigo na trovoada inesperada.
Há uma prateleira com livros, já meio desfeitos, faltando muitas folhas.
Arrancaram-se com o uso demasiado.
Mas, nas que restam, há sempre qualquer coisa nova que ainda não tinha visto nem lido.
No jardim, além dos meus queridos, vejo joaninhas que se misturam com morangos, salpicando de vermelho o gramado seco por onde me entretenho a brincar, sonhar e planejar.
 

Sábio desconhecido

Interessante como a vida fala comigo, em diversas formas.
Ontem ouvi de alguém:
"Desde que passei a dar maior importância à atitude das pessoas, nunca mais me enganei com suas palavras."
Guardei...
Vou usar...

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Isis, pequena mulher gigante.

Fiz tudo o que podia por nós?
Hoje deitei-me na minha insónia, te vi percorrendo os caminhos que nunca mais acolherão seus passos.
Ouvi o eco da sua voz, sussurrando ternuras acetinadas, estranhamente...
Olhou-me com olhos lacrimejantes, como que me pedindo algo em nome de todos os anjos que deixaram esse mundo errante...
Nem sei se foi um sonho ou um pesadelo, sei que o céu era negro.
No entanto, te imagino aqui, no afago eterno das minhas mãos.
Choro enquanto escrevo, o maior pesadelo é sentir a consciência se reduzindo a um vácuo sem memórias.
Fiz tudo o que devia, queria, podia por nós?

terça-feira, 23 de julho de 2024

Só a Juju mesmo...

Aos meus grandes amores.
Obrigada por tudo, estou em paz.
Não chorem mais, por favor, tudo o que sempre desejei foi vê-los sorrindo. Tenho na lembrança o nome que me deram (todos eles), o calor da casa que neste tempo se tornou minha e dos meus filhotes. Essa foi a família que eu tive. Eu levo o som das suas vozes e latidos, mesmo não entendendo sempre o que me diziam.
Carrego em meu coração cada carícia que recebi. Tudo o que vocês foram foi muito valioso pra mim e eu agradeço infinitamente.
Vou pedir dois favores: lavem o rosto e comecem a sorrir, aprendam com as sementinhas. Lembrem-se de como foi bom vivermos juntos todos estes momentos, lembrem-se de tudo o que nos uniu. Revivam tudo que compartilhamos neste tempo. Sem vocês eu não teria vivido tudo que vivi. Ao lado de vocês, a minha vida foi preciosa em cada segundo.
Eu os acompanharei sempre por todos os caminhos.
À noite, olhando para o céu sempre verão uma estrela brilhando de forma diferente, sou eu piscando pra vocês e avisando que estou bem.
Amo vocês.
Com muito carinho,
Jussara

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Por que escrevo?

Escrevo porque entendo a voz do vento, quando escuto seu lamento e ouço o canto das estrelas na solidão.
Escrevo porque entendo o luar e a lamentação.
Escrevo porque tenho amor à vida, cismo e medito olhando a negra tempestade no céu, infinita!
Também a paz avisto na saudade que em mim se esconde, de paixão me visto e escrevo, a inspiração me vem não sei de onde.
Enquanto na minha alma suspira a escrita condoída, cresce a sombra desolada do meu rosto, caída.
Escrevo porque ouço a fonte que murmura.
É minha água, pura.
Ao raiar da aurora ou na nostalgia da tarde, quando a sombra encanta os arvoredos, vem a mim a saudade e nada sou, nada me resta, nem meus medos.
Escrevo porque a vida já não surpreende nem molesta.
Escrevo porque acredito na vida, na próxima ou até mesmo nesta.

Já não sei mais caminhar.

Mas sei voar.
O que mais posso desejar?
Se não sei mais caminhar... posso, até a você chegar.
Talvez meu maior desejo, agora posso realizar.
Quando te alcançar, poderemos novamente sonhar.
Entre lambeijos e amassos, divagar.
Existem muitas formas de viajar e, a palavra é uma delas.
É transporte visual, oral, nosso voo estelar.
Nas nossas palavras a mágica de seduzir no ouvir, falar e calar.
Sentir o ardor do texto e intertexto em nossas almas a gritar.
A cada encontro de sintaxes e fonéticas, presente o amor, do um no outro novamente e de novo.
Resgataremos a volta de cada um pra si.
Uma paixão extravasada nas letras lidas no olhar.
E depois do voo, de novo, cada um em seu lugar.
Um pouquinho desse amor devidamente guardado para a cada dia reabastecer e mais voar...

Desejos, apenas desejos

Que eu esteja presente nas memórias de alguém.
Que alguém distante lembre-se do meu sorriso e se sinta acolhido.
Que o meu bem faça bem a alguém.
Que eu seja a saudade que aperta o peito de um velho amigo.
Que eu seja o amor que alguém não consegue esquecer.
Que eu tenha sorrido na rua e encantado alguém.
Que eu seja uma lembrança boa que vive dentro de cada um que tenha cruzado meu caminho.
Que o meu coração nunca endureça, apesar de tudo ou por causa de tudo.

terça-feira, 9 de julho de 2024

Spinoza

Quando perguntaram a Einstein se ele acreditava em Deus, ele citou o filósofo Spinoza:
Sobre Deus.
“Pare de ficar rezando e batendo no peito! O que quero que faça é que saia pelo mundo e desfrute a vida. Quero que goze, cante, divirta-se e aproveite tudo o que fiz pra você.
Pare de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que você mesmo construiu e acredita ser a minha casa! Minha casa são as montanhas, os bosques, os rios, os lagos, as praias, onde vivo e expresso Amor por você.
Pare de me culpar pela sua vida miserável! Eu nunca disse que há algo mau em você, que é um pecador ou que sua sexualidade seja algo ruim. O sexo é um presente que lhe dei e com o qual você pode expressar amor, êxtase, alegria. Assim, não me culpe por tudo o que o fizeram crer.
Pare de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo! Se não pode me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de seus amigos, nos olhos de seu filhinho, não me encontrará em nenhum livro.
Confie em mim e deixe de me dirigir pedidos! Você vai me dizer como fazer meu trabalho?
Pare de ter medo de mim! Eu não o julgo, nem o critico, nem me irrito, nem o incomodo, nem o castigo. Eu sou puro Amor.
Pare de me pedir perdão! Não há nada a perdoar. Se eu o fiz, eu é que o enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso culpá-lo se responde a algo que eu pus em você? Como posso castigá-lo por ser como é, se eu o fiz?
Crê que eu poderia criar um lugar para queimar todos os meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que Deus faria isso? Esqueça qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei, que são artimanhas para manipulá-lo, para controlá-lo, que só geram culpa em você!
Respeite seu próximo e não faça ao outro o que não queira para você! Preste atenção na sua vida, que seu estado de alerta seja seu guia!
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é só o que há aqui e agora, e só de que você precisa.
Eu o fiz absolutamente livre. Não há prêmios, nem castigos. Não há pecados, nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Você é absolutamente livre para fazer da sua vida um céu ou um inferno.
Não lhe poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso lhe dar um conselho: Viva como se não o houvesse, como se esta fosse sua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não houver nada, você terá usufruído da oportunidade que lhe dei.
E, se houver, tenha certeza de que não vou perguntar se você foi comportado ou não. Vou perguntar se você gostou, se se divertiu, do que mais gostou, o que aprendeu.
Pare de crer em mim! Crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que você acredite em mim, quero que me sinta em você. Quero que me sinta em você quando beija sua amada, quando agasalha sua filhinha, quando acaricia seu cachorro, quando toma banho de mar.
Pare de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra você acredita que eu seja? Aborrece-me que me louvem. Cansa-me que me agradeçam. Você se sente grato? Demonstre-o cuidando de você, da sua saúde, das suas relações, do mundo. Sente-se olhado, surpreendido? Expresse sua alegria! Esse é um jeito de me louvar.
Pare de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que o ensinaram sobre mim! A única certeza é que você está aqui, que está vivo e que este mundo está cheio de maravilhas.
Para que precisa de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procure fora. Não me achará. Procure-me dentro de você. É aí que estou, batendo em você.”

segunda-feira, 27 de maio de 2024

Janaína papo reto

Muito bom dia.
Consegui!
Meio por acaso mas, aconteceu.
Domingão friozinho, Janaína enroladinha na casinha dela... me deitei ao seu lado.
Música suave ao fundo, baixinha, embalando nosso sossego.
Ela foi se chegando ao meu peito e de repente nossos olhares se encontraram. Ficamos nos olhando, aqueles olhinhos penetrando e tomando conta dos meus pensamentos, sentimento confuso de serenidade e expectativa em meio a uma paz indescritível.
De repente ouço com toda a clareza:
_ Demorou hein?
_ Como assim demorei?
_ Faz tempo que te disse que bastava falar olhando nos meus olhos, te ouço e te entendo desde sempre.
Conversamos muito e por muito tempo, sobre tudo e sobre todos.
Ainda estou processando isso, tanto o fato quanto a conversa. Mesmo porque, agora, nossos olhares tem 'um quê' de cumplicidade... exclusiva e inesperada.
Uma experiência maravilhosamente esclarecedora.
Próximo passo... Juninho!
Depois, meus amores que já não estão ao alcance das mãos.
Gratidão, palavra banalizada pela quantidade de vezes que é dita mas, quando o sentimento é pleno... o significado é único.
Gratidão!

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Insônia

Começa a ser noite, e renascem os desígnios escondidos do passado.
Sinto sossego ao perceber que todos se preparam para a embriaguez junto a Morfeu...
É sublime e doce, a dor de um fim, a apatia no rosto... como se sentisse fogo em mim.
São estas, memórias que receio, a angústia e o devaneio...
Sonolentamente ainda o quero, velo o meu desespero, dou voz e passo ao exagero, porque três quartos da noite já terão passado, e o meu pensamento ainda me manterá acordado...
Enche-me de vez o coração de coisas para dizer, ou cala-me a boca, arranjando outra forma de o fazer.
Faz-se amanhecer, estarei sempre por trás das palavras que não pude conter. 

segunda-feira, 13 de maio de 2024

My way

And now, the end is near
And so I face the final curtain
My friends, I'll say it clear
I'll state my case of which I'm certain
I've lived a life that's full
I traveled each and every highway
But more, much more than this
I did it my way

Regrets, I've had a few
But then again, too few to mention
I did what I had to do
And saw it through without exemption
I planned each chartered course
Each careful step along the byway
But more, much more than this
I did it my way

Yes, there were times, I'm sure you knew
When I bit off more than I could chew
But through it all, when there was doubt
I ate it up and spit it out
I faced it all and I stood tall
And did it my way

I've loved, laughed and cried
I've had my fill, my share of losing
And now, as tears subside
I find it all so amusing
To think I did all that
And may I say, not in a shy way
Oh no, no, not me
I did it my way

For what is a man, what has he got
If not himself then he has not
To say all the things he truly feels
And not the words of one who kneels
The record shows, I took the blows
But I did it my way

Frank Sinatra e Paul Anka 

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Meu menino, sempre.

Aqui fiz amigos e amores.
Aqui aprendi e ensinei.
Aqui me diverti e sofri.
Mudei a vida de alguns, que enriqueceram a minha.
Uma passagem maravilhosa, que não passa.
Estou bem e feliz, zelando pelos meus queridos.
Levando conforto, trazendo alegria.
Dias diferentes do mesmo eu.
Muitos lambeijos.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Mais saudade

Durante a minha vida, algumas vezes fui arrebatado pelo amor.
Um em especial.
Me fez sonhar, me fez ser feliz, me fez sofrer e chorar.
Meu amor viveu no rosto, no corpo, na pele e no pêlo.
Me fez entregar o coração a ele, que nele merece pousar, por uma noite, uma semana ou pelo breve espaço da eternidade.
Saudades do meu gostosão, preciso sentir pulsar nas minhas veias o seu amor.
E quando não habita meu coração, tenho fome, sede e um pouco de morte vivendo em mim.
Preciso sentir a vida pulsar, para ver o mundo em cores saturadas, sentir alegria e inspiração.
Saudades do meu grande amor, que preenche o meu coração!
Ai que saudades eu tenho de quem ainda nem vi, mas que pode entrar na próxima estação de trem para viver em mim por mais uma parte desse caminho!

Meu lindo, eu não existo sem você.

Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você

Tom Jobim e Vinicius de Moraes 

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Outro presente

Meu caro Cri, assombrações existem, acredite em mim. Elas estão soltas por aí a vagar neste mundo de meu Deus, sempre prontas para nos tomar de assalto na primeira oportunidade, mais atentas a nós do que nós a elas, que vivemos neste planeta imersos em nós mesmos, alheios aos perigos que nos cercam.
     Engraçado como se dá nossa relação com elas. Tudo parece se resumir a um jogo de fé, jogado de forma desigual. Explico de forma sucinta: é que elas acreditam em nós, embora nós mesmos não acreditemos necessariamente nelas, na verdade, até as negamos diligentemente na maioria das vezes. E é justamente dai, desta desigualdade de percepções que elas se alimentam, crescem, põem seus ovos e se reproduzem, até finalmente se instalarem em nosso quotidiano. E então quando nos damos conta do ocorrido, o jogo já está irremediavelmente perdido. Somos surpreendidos e encaçapados. E aí é tarde meu amigo, porque de algum modo elas já encontraram uma maneira de perpetuar sua espécie em nossas existências, nos reduzindo a meros hospedeiros.
     No mundo concreto, estas almas penadas se apresentam em carne e osso mesmo, embora comportem variações. Podem ser fantasmas, vampiros, monstros ou Frankensteins. Podem até mesmo assumir outras formas sombrias, de acordo com a situação e demanda. Outro dia tropecei numa delas, e foi aí meu caro que seu bom e velho nome veio à tona, te resgatando de seu auto consentido anonimato.
     Tudo começou assim, num imprevisto. Encontrei-me ao acaso com um velho amigo ainda dos tempos do terceiro científico, daqueles amigos atemporais, que a gente carrega pra sempre dentro do peito, mesmo que o tempo e a distancia digam não, como diria a canção. Conversa vai conversa vem, trocamos o telefone de um amigo em comum, que nos passou o telefone de cicrano, que por sua vez nos conectou a beltrano, e assim sucessivamente e quando percebemos, tínhamos formado um grupo de WhatsApp com mais de trinta pessoas que nos remetiam aos idos de 1979. O próximo passo, claro, seria reunir toda esta gente em torno de uma mesa de bar e celebrar a vida, por a conversa em dia.
     E assim foi. Confesso a você que eu me encontrava feliz pra burro no meio daquela balburdia toda. Trinta pessoas felizes, ansiosas, desesperadamente falando quase todas ao mesmo tempo, o barulho dos copos, das garrafas de cerveja sendo abertas e generosamente sendo passadas de mão em mão para aplacar a boa e velha sede de cada um, o trafego caótico dos garçons, o burburinho do bar, e uma improvável confraternização em curso resgatada do fundo da poeira de tantos anos, assim como eram improváveis as trajetórias atuais de cada um de nós a julgar pelas folhas corridas pregressas individuais. Fora isto, as velhas e previsíveis brincadeiras de sempre, os sorrisos, os mesmos casos com diferentes versões e roupagens, as novas formas como quase todos, salvo raras exceções se apresentavam: gordos, de óculos e cabeça branca, carecas, distintos pais de família. O tempo impusera a cada um de nós maiores ou menores marcas que de imediato nos tornaram um pouco mais ou menos irreconhecíveis uns para os outros e portanto, motivo de piada pronta. No mais, aquela velha centelha que nos unira a tanto tempo atrás estava de volta e cintilava forte. Um sangue adolescente voltara a jorrar novamente em minhas veias. Eu transbordava de bons fluidos, interagia feliz com meus amigos, ouvia um com atenção, ria, brincava com outro, largava um comentário aqui, ouvia outro acolá. Cercado de tanta gente querida, eu exalava felicidade.
     Então aconteceu: sem que eu me desse conta, surgindo do nada, uma destas besta fera as quais me referi, e que nada tinha a ver com nosso grupo, se materializou bem na minha frente, atraída talvez pela minha boa energia que ela farejara no ar, seu alimento predileto. Babando, com as pupilas dilatadas e com garras e caninos de fora apontados para mim ela me interpelou num tom tenebroso:
 _ “Eduardo Ude?"
 Olhei de rabo de olho. Todos os alarmes dentro de mim imediatamente dispararam. Me arrepiei todo. Numa fração de segundos, meu subconsciente identificara um timbre de voz que a muito eu havia enterrado no mais recôndito canto de minha memória com dezenas e dezenas de pás de cal.  Ignorando meu desconforto, mais uma vez o tal ser se dirigiu a mim, anunciando o tormento estava prestes a começar:
 _ “Tá lembrado de mim não?"
 Tava, pior que tava, daí meu pânico. Ao olhar em volta, talvez em busca de socorro, me dei conta de que eu me sentara na cabeceira de nossa mesa próximo a uma parede. Ao meu lado, a única cadeira vazia ainda livre, não me permitia evadir dali de forma sutil sem ser deselegante. Eu era um pato, um alvo perfeito. Ele claro, o tal ser agora identificado como um vampiro, foi logo tratando de se sentar ao meu lado sem maiores cerimônias. Gelado, tratei de me proteger, evocando todas as forças do Bem, o Criador, enquanto corria os olhos ao redor procurando por uma estaca, um crucifixo, ou coisa do tipo. De forma polida, porém educada respondi:
 _ “Desculpe??..."
_ “Pô Ude, sou eu!!!!"
     Deus, eu me encontrava enquadrado na alça de mira da mais temível das criaturas, um vampiro de alto coturno, de capa e tudo mais, carente, cheirando a cerveja, mais maligno que o próprio Bella Lugosi, pálido como Michel Temer, o mais perigoso tipo de todas as variações possíveis desta espécie, daqueles que te atacam na calada da noite em nome de uma suposta grande intimidade que ele acha que possui com você e que é obviamente, nas contas dele, recíproca. Só que não... O que se sucedeu então foi cruel, duro de aturar. Minhas reiteradas negativas de conhecê-lo na verdade só complicavam mais ainda minha situação. Ele resolveu se apresentar em detalhes, mas em detalhes mesmo, na expectativa de que eu me lembrasse dele, como se isto fosse necessário. Falou de coisas das quais não perguntei, disparou perguntas que eram de pronto respondidas por ele próprio sem que ele perdesse o fôlego. Falou do seu número na caderneta de chamada de nossa classe, falou do meu próprio número, do antigo número do telefone lá de casa que eu sequer lembrava, resgatou episódios que eu seletiva e convenientemente deletara para todo o sempre de minha vida. É claro que eu sabia de quem se tratava, afinal existem tipos inesquecíveis que a gente faz questão de esquecer, não é mesmo? De tempos em tempos, citava alguém de forma depreciativa na expectativa de minha concordância, observando minha reação. Bem que eu tentei me evadir, mostrar desinteresse, tédio, puxar conversa com alguém ao lado, mas ele me bloqueava. Engraçado os pensamentos que ocorrem nestas horas, as idéias que passam na cabeça da gente:
_"Vou tentar sair fora dizer que vou dar uma mijada ou coisa do tipo e depois arranjo um outro lugar na mesa pra mim, mais protegido, bem longe desta criatura", pensei. Depois pensei melhor:
"_Melhor não, vai que ele resolve vir comigo, melhor permanecer no grupo", me lembrando de como os peixes se utilizam de seus cardumes para se protegerem e de como um vampiro desta estirpe pode ser inconveniente e grudento. Apesar de meus esforços, ele continuava a me metralhar com perguntas se achando super agradável e neste vai e vem meu caro, mencionou sua ilustre pessoa. Dando seqüência no processo de me enlouquecer, engrenou a pergunta da noite:
_"Lembra do Clovis??" 
Eu já estava tão desesperado que respondi qualquer coisa, disse que sim, concordei na esperança de ter um pouco de paz, um tempinho pra respirar. Infeliz idéia, porque agora eu dera a ele o mote necessário que ele tanto esperava, um link no qual ele se agarraria de unhas e dentes para construir uma narrativa de proximidade entre nós que na verdade nunca existira. 
_"Sabe onde ele está? Me disseram que ele não mora mais aqui".
_ "Não sei, acho que se mudou pra Manaus, não tava agüentando mais o calor de BH...", respondi reticente, com maldosa ironia. O vampiro não se tocou.
_ “É mesmo? Me conta tudo!" Foi como se eu tivesse oferecido minha jugular pra ele. O vampiro ficou excitado. Em questão de segundos, eu, você e ele havíamos nos tornamos Os Três Mosqueteiros, os melhores amigos do nosso tempo de colégio, os mais incríveis e mais espertos meninos do Universo. Mais uma saraivada de perguntas acompanhadas das já repetidas respostas se seguiu, desta vez acrescidas de elogios a sua pessoa, numa óbvia tentativa de me agradar. Definitivamente o Clovis que eu conhecia não cabia nos termos que ali eram colocados, uma bajulação gratuita que estava bastante longe do entendimento que eu tinha de você.
     Na seqüência, e sempre na linha de querer estabelecer uma proximidade que definitivamente não existia, ele começou a me pentelhar para dividir uma pizza comigo. Sem que eu pedisse, concordasse, dissesse que sim ou que não, pediu e leu todo o cardápio do restaurante em voz alta para mim e então começou a fazer considerações sobre cada um dos sabores e combinações possíveis, preços, em mais uma tentativa de parecer descolado e me agradar. Depois, para meu desespero, a praticamente cada segundo me sacudia pelo ombro repetidas vezes me dizendo que gostava de mim pra cacete, me expondo ao seu pavoroso bafo, daqueles que só as criaturas das trevas possuem. Deu vontade de perguntar se ele topava meiar uma pizza de alho, só pra depois ve-lo no chão se estrebuchando envenenado que nem uma barata com over dose de Detefon, mas depois deixei pra lá, conclui que ele não tinha a menor condição de entender a real intenção de minha pergunta. Vampiros de modo geral são burros, principalmente os mais bêbados...
     Então o Criador interveio. Alguém se deu conta do massacre que eu estava sofrendo e providencialmente me chamou no canto com um pretexto qualquer. Deixei o vampiro falando sozinho e corri em direção à minha liberdade. "Quem tem amigos, tem tudo!", pensei. Agradeci profundamente ao meu salvador e pedi uma parcial da conta, pagando a parte que me cabia. Me despedi de todos discretamente. Ainda tive tempo para correr os olhos no bar e localizar meu amigo da Transilvânia, de modo a não sofrer nenhum tipo de surpresa, interceptação, um pedido de carona ou coisa do tipo. Em casa, por via das dúvidas, dormi de olho em um crucifixo de Dona Zilá!

domingo, 28 de janeiro de 2024

Ganhei de pesente

HO'OPONOPONO

Divino Criador, Pai, Mãe, Filho, todos em Um.
Se eu, minha família, meus parentes e antepassados, ofendemos sua família, parentes e antepassados, em pensamentos, fatos ou ações, desde o início de nossa criação até o presente, nós pedimos o seu perdão.
Deixe que isso se limpe, purifique, libere e corte todas as memórias, bloqueios, energias e vibrações negativas.
Transmute essas energias indesejáveis em pura luz e assim é.

Para limpar o meu subconsciente de toda carga emocional armazenada nele, digo uma e outra vez, durante o meu dia, as palavras-chave do ho'oponopono:
eu sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grato.
Declaro-me em paz com todas as pessoas da Terra e com quem tenho dívidas pendentes. 

Por esse instante e em seu tempo, por tudo o que não me agrada em minha vida presente:
eu sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grato.
Eu libero todos aqueles de quem eu acredito estar recebendo danos e maus tratos, porque simplesmente me devolvem o que fiz a eles antes, em alguma vida passada:
eu sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grato. 

Ainda que me seja difícil perdoar alguém, sou eu que pede perdão a esse alguém agora.
Por esse instante, em todo o tempo, por tudo o que não me agrada em minha vida presente:
eu sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grato.
Por esse espaço sagrado que habito dia a dia e com o qual não me sinto confortável:
eu sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grato.
Pelas difíceis relações às quais só guardo lembranças ruins:
eu sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grato. 

Por tudo o que não me agrada na minha vida presente, na minha vida passada, no meu trabalho e o que está ao meu redor, Divindade, limpa em mim o que está contribuindo para minha escassez:
eu sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grato.

Se meu corpo físico experimenta ansiedade, preocupação, culpa, medo, tristeza, dor, pronuncio e penso:
minhas memórias, eu te amo. Estou agradecido pela oportunidade de libertar vocês e a mim.
Eu sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grato. 

Neste momento, afirmo que te amo.
Penso na minha saúde emocional e na de todos os meus seres amados.
Te amo.
Para minhas necessidades e para aprender a esperar sem ansiedade, sem medo, reconheço as minhas memórias aqui neste momento:
eu sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grato. 

Amada Mãe Terra, que é quem eu sou: se eu, a minha família, os meus parentes e antepassados te maltratamos com pensamentos, palavras, fatos e ações, desde o início da nossa criação até o presente, eu peço o teu perdão.
Deixa que isso se limpe e purifique, libere e corte todas as memórias, bloqueios, energias e vibrações negativas.
Transmute essas energias indesejáveis em pura luz e assim é.

Para concluir, digo que esta oração é minha porta, minha contribuição à tua saúde emocional, que é a mesma que a minha.
Então esteja bem e, na medida em que vai se curando, eu te digo que:
eu sinto muito pelas memórias de dor que compartilho com você.
Te peço perdão por unir meu caminho ao seu para a cura, te agradeço por estar aqui em mim.
Eu te amo por ser quem você é.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Imaginando meu velório

Minha alma assistindo a tudo sem nada entender.
Uma multidão que agora se aglomera, no triste e pequeno espaço da capela.
Onde jaz um corpo inerte a perecer.
Gente que esqueceu que eu existia agora reza um terço dizendo que sente muita saudade mas, só vejo hipocrisia.
Mundo onde um dia cheguei chorando e que deixo sorrindo e levitando.
Livre da matéria carente de afeição.
Trazem nas mãos flores que negaram, sobra o tempo que não dispensaram, pegando firme as alças do meu caixão.
E assim eu me vou, sem remorsos, culpas... sem perdão.

Guilherme

Adeus meu querido.
Por aqui vou ficando, triste e cada vez mais só.
Por que Deus permitiu que você fosse embora assim, sem desatar o nó que sinto dentro de mim?
Sei bem que nada é para sempre mas não consigo me acostumar às partidas, tantas idas e vindas, às implacáveis despedidas.
Supero minha timidez e me visto com a sua ausência e tento transformar a carência em... saudade.
Foi um prazer te conhecer e conviver por tantos anos e uma honra poder te chamar de amigo.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Árvore

Hoje plantei um pé de flor.
Coisa linda, presente de três anjos para o meu amor.
Só que é demorado o resultado.
Será que está muito molhado?
Suas flores ficarão grandes.
Talvez eu as coloque, junto a ele, bem diante.
Plantar é arte, é vida.
Acolhimento nas chegadas e na partida.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Perdão

E se você pudesse me perdoar?
Os meus atos sem culpa, a minha força de amar... bruta.
E no fundo, bem no fundo... relevar.
Todas as vezes em que errei, me ausentei...
Umas por triste covardia, outras porque loucamente te amei.
Se puder... me mata mais uma vez, de amor por seus lindos olhos, que Deus fez.
Se Deus existisse, mesmo... teria me levado antes de ti.
Morreria mais uma vez... afinal morto eu já estava quando contigo eu não vivi...
Aquele grito dizendo o quanto te amo, o sussurro que nos faz suspirar.
Faremos isso juntos e nunca nos separar.