quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Casamento

Desculpem-me a intromissão mas, venho aqui comunicar que ele não é tão simples assim.
Às vezes nos faz agir de maneira confusa, incompreensível aos olhares fortuitos.
Faz-nos querer gritar com e para o mundo inteiro.
É sujo, desajeitado e repleto de particularidades esquisitas, bem diferente dos contos de fadas milimetrados para a perfeição.
E ainda assim, consegue ser tão renovador quanto banho gelado em dia estridente de verão, tão emocionante quanto estar frente ao mar pela primeira vez, tão puro quanto um rabinho abanando.
Ele é assim mesmo, programado para ser imperfeito.
Porque a sua verdadeira beleza está escondida atrás das desavenças, que no final das contas, conversam e se entendem.
Está atrás da mania estranha que o outro tem de te tirar do sério e te fazer sorrir alguns minutos depois.
Está no abraço que jura silenciosamente nunca abandonar.
Está naquele apuro que o outro passou só porque você também estava nele.
Está nas demonstrações não convencionais de carinho, nas idiotices que o outro teve de se submeter só pra arrancar aquele seu sorriso de orelha a orelha.
Está no “eu te amo” que nunca precisou ser dito para você realmente saber que era amado; porque ao contrário do que muitos pensam, ele não precisa de provas, quando é de verdade, se prova sozinho e dá pra sentir a quilômetros e quilômetros de distância em todos os dias, mesmo nos de chuva.
Pensando bem, o casamento é simples sim.
Porque assim como um desenho, ele pode ganhar formas diferentes quando cansamos de sua monotonia, receber novas cores quando as que possui já não têm a mesma graça.
Porque ele não nasceu orgulhoso e permite que, como em um rascunho velho, os erros possam ser apagados e um novo desenho possa ser feito, livre de manchas e com uma infinidade de tons a serem explorados.

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