Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu ainda está vivo, quem quase amou... não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, quase sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris seria em tons de cinza.
O quase não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Não é que a fé remova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
GC (Grande César) sabia disso tudo, melhor do que ninguém e, é um exemplo de vida, de homem, de homem vivido.
Na curta eternidade do nosso convívio ele me ensinou... adestrou... marcou com atitudes, entre muitos sorrisos deixava escapar um pouco de sabedoria:
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um amor cujo fim é instantâneo ou indolor não é amor.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo o impeça de tentar.
Desconfie do destino, gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando.
Embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
Que vazio agora sinto, meu egoísmo não me deixa pensar em outra coisa que não voltar a vê-lo.
Mas passa...
Isso passa e o amor permanece, vivendo numa presença muda e reconfortante, constante.
GC, foi um prazer conhecê-lo e uma honra tê-lo chamado de amigo.
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