Para a Julikinha
O fato é que a vida é um mistério. Um caminho sem mapas ou bússolas que nos permitam saber mais que o necessário do que nos é dado diariamente. Não existem vacinas nem antídotos às dores e às lágrimas que parecem inevitáveis quando o que parece ser mau nos pega de surpresa.
Quem pode ver além da curva que a vida faz a cada dia que anoitece e se vai?
Após mais um dia quem poderá prever?
Quem pode achar que poderá dar tudo quando tudo lhe for pedido?
O amanhã é tão implacável que não nos foi dado a permissão de sabê-lo. Não enxergo um palmo a frente do meu nariz.
Nada além de mim mesmo, das minhas atitudes, dos meus passos e reações.
É o grito solene para que eu largue o controle e encare tudo não como um jogo, mas como uma dádiva.
E usar as minhas atitudes e quem eu sou para fazer o que é certo é o ato sublime de gratidão ao digno presente da vida, ofertado pela graça admirável de alguém que é maior do que minha capacidade de imaginá-lo.
O que sacia o meu medo ofegante sobre o que me espera depois de cada dia é a confiança de que não sou merecedor de nada. Pois tudo que acontece, até as coisas das quais tremo em sequer querer imaginá-las, são o que no fim me tornará mais humano e mais apaixonado pelos meus (meus?) pintadinhos.
Só assim terei consciência em ter compaixão a dor de outros e de que olhar só pra dentro é o maior desperdício.
E nunca me privarei de amar pois se a vida eu temer, lembrarei que assim como amo também sou amado e que o amor lança fora todo o medo, inclusive o do desconhecido.
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