quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Pai

Não há uma forma simples para falar o que quero e preciso dizer...
Quem sabe agora consigo colocar em palavras, o que venho gestando em pensamento...
Posso chamá-lo perfeitamente de amigo, pois cuida de mim há muitos e muitos anos, e nunca reclamou disso, curtindo os momentos aventureiros que juntos tivemos; alguém que preza o simples fato de estar tudo bem, que se preocupa e zela pelo meu sono.
Mas não é meu amigo, é mais, maior, mais importante, é meu pai.
Não digo isso porque é o meu pai, mas porque eu sei como é ter alguém especial ao meu lado; e como é não ter.
Venho para falar dele, de como o guardo no peito e da disciplina que atrai seu aconchego.
Com minha saudade o encontro, ou converso através de um olhar, falo baixinho sussurrando com o coração.
Quando se tornou apenas uma lembrança, voz silenciosa e nenhum apelo terrestre revelou seu paradeiro, quando nenhuma leve súplica ou ordem severa trouxe uma resposta...
Sorriu na minha mente quando estive certo, e quando errei, chorou através de meus olhos, fitando-me veladamente na escuridão.
E chorei através de seus olhos talvez; murmurei através da sua consciência, raciocinei com ele abusando da sua razão, amei muitos através do seu amor, sofri com pessoas que... deixa pra lá.
Incógnito, anda a meu lado, protegendo-me com braços invisíveis, ouço sua voz no silêncio; reconheço-o novamente, mais tangível do que quando o conheci por aqui.
Um sonho por certo e com a certeza de que é apenas um sonho, como agora eu sei, estarei desperto nele, sempre.
Hoje 'seu Clovis' faz/faria 89 anos, meu carinho e admiração é o presente que lhe dou, do meu jeito.
Ninguém precisa saber, mas eu queria contar... afinal, (encho a boca pra falar) é o meu pai!

Nenhum comentário:

Postar um comentário