Mãe
Você sabe como sou covarde.
Perdoa-me desta fraqueza de homem já velho, que olha numa moldura na sala, o menino que fui, querendo sempre o seu colo.
Hoje seu nome não é ausência, é lembrança.
O seu menino está mais triste.
Com os olhos voltados para o ar, tentando imaginar pra onde foi a nossa casa... não existe mais, a rua mudou ou morreu.
O pai com o olhar tão perdido, também hoje é memória.
Meus cabelos embranqueceram assim como a barba que insiste em crescer, ainda abuso da bebida e do cigarro.
Neste dia em que você voltou a ser anjo, peço que me desculpe pelas ausências, pelas demências e pela minha falta de Deus.
Hoje que o seu nome é lembrança, eu queria ir às nuvens e colher o imprescindível:
Um pouco do seu ombro, do seu mimo, do seu cheiro.
Mas vou ficando por aqui sonhando o improvável.
A distância me impede de te abraçar, mas não de te amar.
Te vejo por aí...
Nenhum comentário:
Postar um comentário