Pai

Bater a porta no dedo dói, com o queixo no chão dói, torcer o tornozelo dói, um tapa, um soco, um desapontamento...
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do meu pai.
A saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, do chamego.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Saudade é não saber. Não saber mais se você continua se gripando no inverno, se foi ao médico como prometeu, se continua sorrindo, dançando...
Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber encontrar tarefas que desviem o pensamento, não saber frear as lágrimas diante 'da' música, não saber como vencer a dor desse silêncio enorme que nada preenche.
Ainda lembro das risadas e das palavras,
das lágrimas e da dor,
ainda lembro do carinho e do amor,
das musicas cantadas, das rimas ditadas,
de um mundo cheio de cor.
Nada mais é como era antes.
Tudo já faz parte do passado.
Boas lembranças...
Cadê o seu sorriso que estava sempre aqui comigo?
Cadê o seu carinho, os seus gestos sempre de amigo?
Onde é que foram parar?
Aonde é que você esta?
Não o tenho mais aqui comigo,
Sinto falta desse herói, companheiro... amigo.
Nos seus olhos sempre a alegria,
tão singelos, cheios de magia.
Onde você esta?
Nas lembranças sempre te procuro,
É você o meu porto seguro,
Pai como você está?
Te estendo a mão por um minuto,
segure-a só por um segundo,
para que eu possa sentir,
que mora dentro de mim.
Meu grande amor,
que trato sempre com carinho,
onde você estiver,
também estarei.
E permanecerei mesmo que me peça para partir,
Não te deixarei.
É você quem me dá um pedacinho de chão, quando é de terra firme que preciso, ou um pedacinho do céu, se é o sonho que me faz falta.
É mais que o ombro amigo, é mão estendida, mente aberta, coração pulsante.
É você que entende meu desejo de voar, de sumir devagar...
É verdade e razão, sonho e sentimento.
Pai, você é para sempre, mesmo que o sempre não exista...