quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Foco

Sinto urgir a necessidade urgente de urgência.
Nada adquire sentido de automatismo na minha vida.
Por falar em vida...
Tenho sentido o desejo insaciável de me comprometer um pouco mais.
Por momentos apercebo-me que esta percepção de crucialidade dos momentos deveria ser sentida a cada instante.
Não importa!
Porque enquanto não me deleitar neste novo pensamento, não chegarei a ser fiel a ele mesmo.
E neste momento o que sinto é outra coisa... são outras coisas...
Surpreendo-me percebendo o quanto a vida de um anjo de quatro patas me é mais cara do que a da maioria dos humanos que me habitam.
Vivo o fumo de um cigarro.
Tento acalmar-me...penetrar-me pacificamente!
Os cigarros são bons para isso.
Em contrapartida, são maus para muitas outras coisas... para os ouvidos então...
Mas, como todo o resto, baseia-se no equilíbrio existente entre os dois extremos.
Não existe nada que viva somente num dos pontos, positivo ou negativo, + ou -... nem a maldade encerra em si um só pólo.
Não aceito sermos lineares, seríamos estúpidos e ignorantes.
Pudera eu ser ignorante e a minha vida faria muito mais sentido...
Contudo, não teria mais sentido...
Já falei dos sentidos, não vou voltar atrás!
Cigarro acabado.
Retorno à lucidez.
Crucial.
Previsão inconcreta de toda uma existência.
E não convém desperdiçar a existência...
Existir em vão é o pior dos destinos.
Até morrer é melhor destino que desperdiçar uma vida.
Pois o dia em que a morte impera é sinônimo do dia em que toda uma vida, uma existência, uma memória de significados se começa a desvanecer, a cair num poço escuro de retorno improvável... mas depois de mortos, o que é que isso importa?
O desperdício de uma vida é a prova de que a morte só vale a pena enquanto não estivermos vivos.
Sem jamais perder o foco, claro.

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