quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Mãe

Saudades da minha velhinha.
Alguém, um dia, me avisou para ser tolerante porque saudade é um sentimento nobre, que poucos podem ter.
Que somente as pessoas que realmente tem capacidade de amar podem senti-lo.
'Isso' me fez brigar pela primeira vez com a natureza das coisas, de como elas podem ser.
Que desperdício, que descuido, que burrice de Deus!
Não de ela perder a vida, mas a vida de perdê-la.
Penso na minha velhinha.
O tempo passa e a saudade fica.
Daquele olhar carinhoso, que sem saber como, perdi!
Do seu colo, que já não tenho, pra me aconchegar e simplesmente sentir.
Tudo tem seu preço.
Até mesmo o seu rosto, aos poucos o tempo teima em tentar apagar.
Quem sente saudade tem algo no passado, inesquecível e irretocável.
Alguém que não apenas passou por sua vida, mas que permanece mesmo depois do depois.
E faz muita falta... sua forma única de amar.
Mãe é quem cria, inocente chavão... mãe, é quem cuida!
D. Helena, minha velhinha, que orgulho tenho de dizer: minha mãe!

"Por que Deus permite que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba,
veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento.
Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça, é eternidade.
Por que Deus se lembra - mistério profundo - de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei:
Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora,
será pequenino feito grão de milho."
Carlos Drummond de Andrade

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